O dia em Marte foi encurtado em uma fração de milissegundo - (crédito: Getty Images)
BBC
postado em 05/10/2023 06:28 / atualizado em 05/10/2023 10:59
Marte, nosso planeta vizinho, está girando mais rápido em seu eixo e os cientistas não têm certeza do que está causando isso.
A agência espacial norte-americana Nasa informou, em agosto, que especialistas têm analisado dados do módulo InSight para rastrear a velocidade de rotação do planeta.
Eles descobriram que a duração de um dia no Planeta Vermelho diminuiu uma fração de milissegundo a cada ano porque ele está girando mais rápido.
A equipe não sabe exatamente o que está causando essa aceleração, mas tem uma teoria.
Eles salientam que pode ser porque Marte como um todo está mudando ligeiramente – por exemplo, na massa do planeta ou no que ocorre em sua superfície.
Os pesquisadores acreditam que isso pode ser devido ao acúmulo de gelo nas calotas polares ou em locais onde as massas de terra se elevam após serem soterradas pelo gelo – também conhecido como recuperação pós-glacial.
Até agora, essas mudanças na rotação não haviam sido detectadas porque não havia medição tão precisa quanto a registrada pelo módulo InSight, que parou de operar este ano após completar seu período estendido de missão.
"É muito legal poder obter esta medição mais recente, com tanta precisão", disse o investigador-chefe da InSight, Bruce Banerdt.
"Há muito tempo que estou envolvido em esforços para levar uma estação geofísica como a InSight para Marte, e resultados como este fazem valer a pena todas essas décadas de trabalho."
Como são feitas as medições?
O módulo InSight foi lançado em maio de 2018 para ajudar os cientistas a compreender mais sobre a natureza do planeta vizinho.
A bordo, o InSight carregava três instrumentos principais que faziam medições: um sismógrafo, uma sonda de calor e um instrumento de medição de ondas de rádio. Juntos, eles foram chamados de Experimento de Rotação e Estrutura Interior, ou RISE, na sigla em inglês.
A função do sismógrafo era esperar pacientemente na superfície para detectar pulsos chamados ondas sísmicas de terremotos e choques de impactos de meteoritos.
A sonda de calor mediu temperaturas abaixo da superfície. Para fazer isso, ele cavou a uma profundidade de cerca de 5 m, mais profunda do que qualquer perfuração ou sonda anterior.
Por sua vez, o instrumento de rádio rastreou a localização exata do InSight para determinar a forma como Marte se move em torno do Sol.
Todas essas informações foram utilizadas por cientistas que descobriram a aceleração da rotação do planeta. E agora eles estão tentando descobrir as possíveis razões para isso.
"O que procuramos são variações de apenas algumas dezenas de centímetros ao longo de um ano marciano", disse o autor principal do artigo e investigador principal do RISE, Sebastien Le Maistre do Observatório Real da Bélgica.
"É preciso muito tempo e muitos dados acumulados antes que possamos ver essas variações", acrescentou.
O estudo examinou dados dos primeiros 900 dias marcianos registrados pela InSight, tempo considerado suficiente para procurar tais variações.
Fonte BBC