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Doze meses após a guerra da Rússia na Ucrânia, os esforços para encontrar uma solução diplomática parecem ter cessado.
"Estamos perante um paradoxo para o qual não estávamos preparados", afirma Judy Dempsey, analista da Carnegie Europe. "Moscovo e Kiev não se falam, mas a Rússia e a Ucrânia nunca foram tão diplomaticamente ativas. O ministro dos Negócios Estrangeiros Serguei Lavrov está em África para reforçar as relações e alargar a influência russa sobre países ricos em recursos, como as terras raras. Até Volodymir Zelenskyy, por seu lado, iniciou a sua enésima viagem diplomática pelas capitais europeias, depois de ter estado em Washington. Quase parece que o conflito russo-ucraniano está a servir para clarificar as áreas de influência a nível global, delineando o que o mundo de amanhã poderá ser", aponta.
Erros diplomáticos
"Foram certamente cometidos alguns erros do lado ucraniano no início do conflito", considera Jaroslava Barbieri, professora na Universidade de Birmingham, "especialmente durante as reuniões em Istambul, em relação à adesão à NATO. Contudo, após os massacres de Bucha, a opinião pública ucraniana uniu-se em torno do executivo".
Foram cometidos erros de ambos os lados, diz François Gere, presidente do Instituto Francês de Análise Estratégica em Paris. "Ninguém esperava que a Rússia montasse de facto uma operação desta envergadura. Estou bastante cético em relação a uma resposta diplomática. A Europa ainda está demasiado dividida e demasiado fraca politicamente, a França com o presidente Emmanuel Macron tentou convencer o presidente Putin a falar, mas sem sucesso. O comportamento da NATO tem sido por vezes pouco claro e, além disso, Moscovo vê a Aliança Atlântica como uma cortina de fumo. E nem mesmo a ONU pode fazer nada, devido à criação do Conselho de Segurança que inclui a Rússia e a China com direito de veto. Não creio que, nesta fase, haja o mínimo vislumbre diplomático".
A bola no campo de Putin
Os ataques de Putin a Kiev e o bombardeamento de cidades como Lviv, no extremo oeste da Ucrânia, levaram muitos a deixar de acreditar na declaração inicial do Kremlin de querer libertar as regiões de língua russa no leste da Ucrânia. "Discutir diplomaticamente com o presidente russo tornou-se difícil porque ninguém compreende realmente o que Putin quer", prossegue Judy Dempsey, "desde o início do conflito ele mudou a sua posição demasiadas vezes e agora as chancelarias internacionais, pelo menos no Ocidente, já não acreditam na boa-fé do líder russo".
Alberto De Filippis
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