Offline
Guerra na Ucrânia: novos ataques russos são 'vingança' por naufrágio do Moskva?
Guerra
Publicado em 18/04/2022

BBC

BBC Geral

A capital ucraniana, Kiev, e a cidade de Lviv, a maior do oeste do país e uma das mais próximas da Polônia, voltaram a ser alvo de ataques russos.

Segundo a imprensa oficial russa, mais de 300 alvos foram atingidos por bombardeios em toda a Ucrânia, incluindo em Kiev, durante a madrugada desta segunda-feira (18/04). As autoridades de Lviv afirmaram que ao menos sete pessoas morreram como consequência dos ataques.

Entre os alvos na cidade localizada a cerca de 60 quilômetros da fronteira polonesa estão instalações militares e uma oficina de pneus.

"Quarenta carros foram destruídos lá [na oficina]. Graças a Deus o número de mortos não foi maior", relatou o prefeito de Lviv, Andriy Sadovyi, em uma coletiva de imprensa.

'A batalha por Donbas será longa e sangrenta, mais parecida com a Segunda Guerra Mundial do que com o que ocorreu em Kiev'

Os bombardeios contra Kiev e Lviv seguiram um período de relativa calmaria nas cidades, depois que as forças russas retiraram suas tropas da capital e mudaram grande parte do foco da guerra para o leste do país, especialmente para a região de Donbas, nas últimas semanas.

A mudança no final de semana provocou uma série de especulações sobre a estratégia russa.

Para Mark Lowen, repórter da BBC News enviado a Kiev, os ataques dos últimos dias são uma espécie de alerta de que Moscou ainda não concluiu sua missão na capital e em outras regiões para além do leste do país.

Ao mesmo tempo, os bombardeios podem ter sido ordenados como forma de vingança pelo naufrágio do navio Moskva na semana passada.

"Os ataques diários são claramente uma vingança russa pelo naufrágio de seu principal navio no Mar Negro, o Moskva, na semana passada", diz Lowen em sua análise.

O cruzador de mísseis Moskva era a principal embarcação da frota russa do Mar Negro e afundou após ser profundamente danificado por uma explosão na quarta-feira (13/04).

O governo da Ucrânia afirma que a explosão foi causada por um ataque executado por suas forças. Moscou, por sua vez, diz que o naufrágio aconteceu após um incêndio a bordo, que causou uma "explosão de munição" guardada no Moskva.

O naufrágio do navio foi humilhante para Moscou - a maior perda de um navio de guerra russo desde a Segunda Guerra Mundial. E embora as forças russas tenham tentado demonstrar resiliência ao divulgar fotos da tripulação sobrevivente, é uma perda amarga, que a Rússia não deixaria passar em branco.

Novas imagens que supostamente mostram o navio pouco antes do naufrágio passaram a circular online.

As imagens foram supostamente tiradas em 14 de abril, um dia depois que a Ucrânia afirmou ter atingido o Moskva

O Kremlin respondeu à publicação das fotos: "Nós vimos a filmagem, mas não podemos dizer quão autêntica e verdadeira ela é", disse o porta-voz do presidente Vladimir Putin, Dmitry Peskov.

As novas fotos não comprovam imediatamente as reivindicações de nenhum dos lados - mas não há sinal de tempestade no momento do vídeo.

A BBC mostrou as imagens do navio ao especialista naval Jonathan Bentham, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, que disse que os danos visíveis sofridos pelo cruzador são consistentes com um possível ataque do míssil Neptune, mas enfatizou que não é possível descartar outras causas.

"As marcas de fumaça a bombordo parecem estar perto da linha d'água. Isso pode indicar mísseis que deslizam sobre o mar, como os mísseis Neptune", disse BenthaO especialista também observou as portas do hangar escancaradas, o que ele acredita sugerir uma tentativa apressada de evacuação por helicóptero. "Você normalmente fecharia as portas como uma boa prática para isolar qualquer coisa no hangar", disse Bentham.

 

hoque e destruição em Lviv

As mortes registradas em Lviv nesta segunda-feira são as primeiras de civis na cidade desde que a guerra começou.

Segundo o prefeito Andriy Sadovyi, 11 pessoas ficaram feridas com os bombardeios, e o número de mortes pode subir ainda mais nos próximos dias.

Comentários