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Israel intensifica ataques a Gaza
Internacional
Publicado em 15/05/2021

Dez civis da mesma família morrem em Gaza, onde 140 pessoas perderam a vida em seis dias de hostilidades. A aviação israelense derruba um prédio de 12 andares, sede da Associated Press e da Al Jazeera

 
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A aviação israelense derruba torre de 12 andares, sede da Associated Press e da Al Jazeera, neste sábado. No vídeo, o momento em que o edifício desaba.MOHAMMED SALEM / REUTERS | VÍDEO: EFE
 
JUAN CARLOS SANZ |AGENCIAS
Jerusalém / Gaza - 15 MAI 2021 - 17:03 BRT

 

  • O Exército israelense –naquela que é sua maior ofensiva em sete anos– atingiu “vários lançadores de foguetes e outras instalações subterrâneas de lançamento” das milícias de Gaza na manhã de sábado, conforme informou em seu perfil no Twitter, no qual compartilhou vídeos dos impactos no norte do enclave palestino. Também compartilhou imagens do ataque aéreo ao escritório do chefe das forças de segurança do Hamas, Tawfiq Abu Naim, que era usado “para o comando e o controle da infraestrutura militar”. No entanto, não foi precisado se Abu Naim foi atingido pelo ataque. Em nota, as Forças Armadas de Israel afirmam que entre as “dúzias” de alvos atingidos nas últimas horas também há “vários grupos de terroristas que tentavam lançar foguetes contra o território israelense”. Fontes militares israelenses garantiram neste sábado que “centenas” de membros do Hamas morreram nos atentados de ontem à noite na Faixa de Gaza.

Oito crianças e duas mulheres, todas pertencentes à família Abu Hatab, morreram neste sábado no campo de refugiados de Al Shati quando o prédio de três andares onde moravam desabou após um bombardeio israelense. Cerca de 10 ambulâncias egípcias entraram na Faixa de Gaza na manhã de sábado. Fontes médicas palestinas falam em 140 mortos –34 crianças e 21 mulheres– e um milhar de feridos depois de mais de cinco dias de operações militares israelenses.

 

Pouco depois das 15h locais (9h em Brasília), um bombardeio derrubou uma torre de 12 andares na cidade de Gaza, sede das sucursais locais da AP e da Al Jazeera, além de outros meios de comunicação internacionais. Os ocupantes receberam ordem de sair antes de o ataque acontecer. É a quinta torre alta que a aviação israelense bombardeia na atual escalada bélica com as milícias de Gaza. Em nota, as Forças Armadas israelenses justificaram o ataque alegando que alguns dos escritórios daquela torre eram usadas pelo Hamas e pela Jihad Islâmica para armazenar material militar, embora não tenham apresentado nenhuma prova. A aviação israelense também atacou a casa de Khalil al-Hayya, chefe adjunto do Hamas em Gaza.

Enquanto isso, as sirenes antiaéreas continuaram soando neste sábado em diferentes pontos de Israel, como Tel Aviv –para onde dúzias de foguetes foram lançados a partir do meio-dia–, Ashdod, Ashkelon e outras áreas do sul. O Exército israelense estimou, na manhã deste sábado, 200 lançamentos a partir da Faixa desde as 19h de sexta-feira. Especificamente, em Ashdod foi relatado o impacto de um foguete em um prédio, provocando danos, mas sem causar feridos. Em Ramat Gan, localidade muito próxima de Tel Aviv, um homem morreu depois que um imóvel foi atingido por um foguete. Os mais de 2.000 projéteis disparados desde o enclave a partir de segunda-feira mataram oito civis e um militar em Israel, e fizeram mais de 200 feridos.

Além disso, outro foguete atingiu o porto, onde acertou um tanque de combustível, causando uma enorme explosão. Alertas também foram lançados em Beersheba e Ofakim, para onde cerca de uma dezena de foguetes foi lançada desde Gaza, a maioria caindo em campo aberto, enquanto a Cúpula de Ferro (sistema antimísseis) israelense conseguiu interceptar ao menos um foguete.

Destroços do prédio onde ficavam as sedes da Associated Press e da Al Jazeera depois do ataque, neste sábado, na cidade de Gaza
Destroços do prédio onde ficavam as sedes da Associated Press e da Al Jazeera depois do ataque, neste sábado, na cidade de GazaMOHAMMED SALEM / REUTERS

O Exército mobilizou reforços na Cisjordânia, onde 11 palestinos foram mortos na sexta-feira em confrontos com as forças israelenses no 73º aniversário da Nakba (desastre, em árabe) que comemora o êxodo de mais de 700.000 palestinos em 1948 diante do avanço das tropas do recém-criado Estado de Israel. A segurança também aumentou em Jerusalém Oriental e nas cidades israelenses com população de origem palestina, que experimentam uma onda de violência sectária entre árabes e judeus.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, exortou as partes a cessarem imediatamente os ataques em Gaza e Israel e pediu que permitam “que se intensifiquem os esforços de mediação com vista ao fim imediato dos combates”. Para continuar as negociações do cessar-fogo, o subsecretário de Estado adjunto para Israel e Assuntos Palestinos dos EUA, Hady Amro, chegou a Tel Aviv na noite de sexta-feira. Amro se reunirá com representantes israelenses e palestinos nos próximos dias e “reforçará a necessidade de trabalhar por uma calma duradoura, reconhecendo o direito de Israel à autodefesa”, conforme indicou a Embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém em seu perfil no Twitter.

Uma fonte palestina que prefere manter o anonimato informou à Reuters que “os mediadores do Egito, do Qatar e da ONU intensificaram seus contatos com ambas as partes desde sexta-feira e o diálogo entrou em uma via de contatos sérios, mas ainda nenhum acordo foi alcançado”. À espera da reunião do Conselho de Segurança da ONU convocada para este domingo, as espadas permanecem erguidas entre Israel e as milícias palestinas de Gaza lideradas pelo Hamas.

 

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