crédito: Luis Macedo/Camara dos Deputados)
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), fez um discurso duro, que teve o governo como alvo principal. O deputado avisou ao Executivo que acendeu “a luz amarela” e ressaltou que remédios políticos do Parlamento “são todos amargos, e alguns, fatais”. Ele enfatizou não haver mais espaço para errar. As declarações — no dia em que o Brasil bateu a marca de 300 mil mortos pela covid-19 — foram feitas na plenária de ontem, em que o parlamentar pediu união no combate ao novo coronavírus e avisou: nas próximas duas semanas, as votações se restringirão a projetos relacionados ao combate à pandemia.Lira avisou que a Câmara não ficará alienada. “Estou apertando, hoje (ontem), um sinal amarelo para quem quiser enxergar: não vamos continuar aqui votando e seguindo um protocolo legislativo com o compromisso de não errar com o país se, fora daqui, erros primários, erros desnecessários, erros inúteis, erros que são muito menores do que os acertos cometidos continuarem a ser praticados”, avisou. “Dirijo-me a todos que conduzem os órgãos diretamente envolvidos no combate à pandemia.”
De acordo com Lira, “os remédios políticos no Parlamento são conhecidos e, muitas vezes, aplicados quando a espiral de erros de avaliação se torna uma escala geométrica incontrolável”. “Não é essa a intenção desta Presidência. Preferimos que as atuais anomalias se curem por si mesmas, frutos da autocrítica, do instinto de sobrevivência, da sabedoria, da inteligência emocional e da capacidade política.”
Ele destacou que pausaria a pauta legislativa para votar temas relacionados a salvar vidas, obter vacinas, e retirar obstáculos políticos, legais e regulatórios para adquirir imunizantes “no menor prazo de tempo possível”. “Mas isso não depende apenas desta Casa. Depende, também — e sobretudo —, daqueles que, fora daqui, precisam ter a sensibilidade de que o momento é grave, a solidariedade é grande, mas tudo tem limite, tudo! E o limite do Parlamento brasileiro, a Casa do Povo, é quando o mínimo de sensatez em relação ao povo não está sendo obedecido”, alertou.
O parlamentar começou o discurso lembrando que participou de reunião com os presidentes da República, Jair Bolsonaro; do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG); e do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, para tratar da criação de um comitê voltado ao enfrentamento da crise sanitária (leia reportagem ao lado). Entre os presentes estava o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que levou um pito do parlamentar durante o encontro por já ter atacado várias vezes a China. “Pandemia é vacinar, sim, acima de tudo. Mas, para vacinar, temos de ter boas relações diplomáticas, sobretudo com a China, nosso maior parceiro comercial e um dos maiores fabricantes de insumos e imunizantes do planeta”, disparou.
LC
Luiz Calcagno