Município volta à bandeira laranja, depois de recurso apresentado pela Azonasul, mas mantém regramento de bandeira vermelha. Prefeita estuda paralisação total das atividades já para o próximo fim de semana
Cerca de uma hora depois do Estado divulgar, no fim da tarde desta segunda-feira (3), o retorno de Pelotas à bandeira laranja, depois de duas semanas na classificação considerada alta para o contágio do coronavírus, a prefeita Paula Mascarenhas anunciou a realização de lockdown no Município, a partir do próximo fim de semana. A decisão foi tornada pública, durante live nas redes sociais, e acompanhada pela determinação de que, apesar da classificação média para contágio, serão mantidos os protocolos de bandeira vermelha.
Segundo a prefeita, desde a quinta-feira (30), quando o índice de ocupação das vagas em UTI nos hospitais referência para tratamento de casos Covid chegou a quase 90%, já havia decidido em não recorrer de uma classificação mais rígida no Sistema de Distanciamento Controlado do governo do Estado. Mesmo assim, no fim da tarde desta segunda-feira, a região 21, da qual Pelotas faz parte, retornou à bandeira laranja.
“Minha ideia é manter um protocolo intermediário, como já fizemos, entre a laranja e a vermelha, enquanto preparamos uma ação mais forte essa semana. Vamos fazer, a exemplo de prefeitos de outros municípios, lockdown”, informou.
Paula justificou a iniciativa de adotar o fechamento total de atividades no Município por ter percebido a queda acentuada na adesão da comunidade ao isolamento social, com a última média registrada em 44,5%. O fechamento intermitente do comércio não tem causado mais efeito. As pessoas vivem um estresse, depois de cinco meses de pandemia, e o setor acaba sendo mais prejudicado, avalia a prefeita.
Estratégia
A gestora esclareceu que ainda está em estudo a estratégia de realização do lockdown. “Vamos conversar com todas as entidades possíveis. Vamos parar tudo o que puder ser parado, menos os serviços essenciais, como a saúde, para tentar manter as pessoas em casa. Vamos atingir o maior número de segmentos; vamos tentar parar a cidade”.
Em princípio, o fechamento total do Município deve ocorrer no próximo fim de semana, mas há a possibilidade de ser mantido por mais tempo.
“Vai depender dos números da progressão da pandemia nos próximos dias e da análise que será feita durante a semana, inclusive com os membros do Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus. Vou informando todos, até o fim da semana, sobre os procedimentos; como as pessoas e a fiscalização deverão agir”, ressaltou ao dizer que o lockdown será feito para estancar o contágio e para que a rede hospitalar não entre em colapso.
A prefeita ponderou que “vai aumentar o número de casos. Mas, precisamos que isso ocorra mais lentamente, para que tenhamos leitos suficientes para quem precisar de internação. Peço a colaboração de todos; a consciência de todos nesse momento”.
Números
Como já é tradicional, a chefe do Executivo apresentou os mapas da pandemia aos internautas e destacou a ocupação dos leitos Covid. Atualmente, das 79 vagas de Enfermaria, 31 estão ocupadas, o que avaliou com um dado seguro. As UTIs se tornaram fonte maior de preocupação da administração municipal - de um total de 35 leitos, incluindo pediátricos, 24 estão ocupados.
“Estamos em contato com hospitais - com a perspectiva de ampliar as vagas. Há leitos, mas falta equipe, médicos. Estamos tentando contratar uma empresa e se apresentou uma interessada. Resta saber se irá conseguir contratar os profissionais. Talvez, em breve, eu consiga anunciar a ampliação de leitos de UTI”, relatou a prefeita.
Paula ainda destacou a estabilidade relativa do Município na incidência de casos por habitantes, mas voltou a frisar sobre a queda no isolamento social, com média de 44, 5% na última semana, com um leve acréscimo de 48% na sexta-feira passada. “Precisamos fazer nossa parte para evitar que o contágio se dissemine - o que ajuda a evitar casos graves e a necessidade de mais leitos de UTI”.
Na relação de mortes em comparação com outros municípios gaúchos, Pelotas apresenta índice de 6,4 óbitos para cada 100 mil habitantes – ocupando a 206 colocação estadual. “São números, sempre penso nisso. Por trás deles, existe uma família que perdeu uma pessoa amada. Por isso, precisamos agir. Vamos fazer um esforço para não perder mais vidas”, afirmou ao lamentar as últimas três mortes anunciadas nesta segunda-feira (3).