A iniciativa do governo do Estado de reunir sugestões sobre a retomada das aulas recebeu a contribuição de entidades com atuação em 441 municípios gaúchos. Com participação majoritária da rede municipal de ensino, a consulta pública reuniu 759 respostas com propostas para o melhor cenário de reinício das atividades presenciais, incluindo medidas de prevenção ao coronavírus e os desafios para implementar protocolos específicos.
Por um período de 10 dias, o governo deu oportunidade para que as entidades representativas, como secretarias municipais, conselhos, sindicatos e entidades sociais, apontassem os caminhos mais indicados para o retorno gradual do ensino. As sugestões já foram catalogadas por uma equipe que atua junto ao Comitê de Dados e agora serão analisadas por um grupo de especialistas da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), com apoio das secretarias de Educação (Seduc) e da Saúde (SES).
"Sabemos que o assunto da educação mobiliza muitas pessoas devido à preocupação com a vida das crianças e das famílias. Embora as crianças pertençam a um grupo de menor risco de letalidade, evidentemente são transmissoras do vírus. Não há uma solução fácil, então buscamos ouvir o máximo possível de entidades e de representantes do setor para chegarmos a uma solução coletiva e colaborativa para os próximos passos. A pesquisa nos ajuda a identificar como a retomada do ensino presencial está sendo vista", explicou o governador Eduardo Leite, ao apresentar os resultados durante transmissão ao vivo pelas redes sociais nesta quinta-feira (30/7).
Em um primeiro momento, a consulta apresentou quatro cenários fechados, dos quais o que recebeu mais votos foi o que estabelece a retomada do ensino presencial em cinco etapas. Os ensinos Médio e Técnico seriam os primeiros a retomar as atividades. Em seguida, os anos finais do Fundamental (do 6° ao 9° ano), os iniciais do Fundamental (do 1° ao 5° ano), o Superior e, por último, a Educação Infantil (creche e pré-escola). Essa proposta recebeu 679 votos (89,5%), de um universo de 759.
"Foi majoritário o cenário B, que começa pelo retorno dos ensinos Médio e Técnico, mas no caso das redes assistenciais e organizações da sociedade civil, a gente percebe que há um grupo que vota pelo retorno da Educação Infantil, possivelmente porque são entidades mais ligadas a populações em maior situação de vulnerabilidade e há preocupação com as condições em que essas famílias estão vivendo", ponderou o governador.
Em outro momento da pesquisa, pediu-se que as instituições montassem o cenário que, na visão de cada uma, era ideal para a retomada do ensino presencial. O retorno do Ensino Superior foi o mais votado para ser a primeira etapa, seguido dos ensinos Médio e Técnico, depois Fundamental (anos finais e após anos iniciais) e, por último, a retomada da Educação Infantil.
Outra opinião majoritária das entidades é no sentido de estabelecer as aulas apenas em turno único, mesmo nas situações de estudantes da Educação Infantil e do Ensino Médio que frequentavam as escolas no modelo de turno integral.
Ao lançar a consulta pública (1.520 entidades receberam um formulário eletrônico para responder), o governador alertou para a complexidade de definir os melhores protocolos para a retomada da rotina em sala de aula. A educação movimenta, no Rio Grande do Sul, mais de 2,5 milhões de pessoas, desde a pré-escola à pós-graduação. Esse contingente representa ao redor de 20% da sociedade gaúcha.
“É muita gente envolvida e, evidentemente, devemos ter todo o cuidado, porque significa uma grande circulação de pessoas nos deslocamentos e, em grande parte do tempo, que ficarão juntas em ambientes quase fechados ou fechados. Mas, de outro lado, temos a preocupação porque estamos falando da formação dos adultos que queremos, do futuro das gerações”, destacou Leite.
As entidades também apresentaram sugestões a serem tomadas no que diz respeito ao transporte das crianças, medidas de prevenção, educação especial e ao cumprimento das medidas de distanciamento.
A decisão a respeito da retomada do ensino presencial ainda não está tomada. O governo do Estado segue debatendo internamente a questão, com as equipes técnicas, prefeitos e entidades que representam a educação.
Confira o resultado da consulta pública na íntegra aqui.
Texto: Pepo Kerschner/Ascom SPGG e Suzy Scarton
Edição: Vitor Necchi/Secom