Documento sob análise do Governo Federal há mais de três meses é o último entrave para início dos estudos
A situação estrutural da ponte Giuseppe Garibaldi, que liga os municípios de Imbé e Tramandaí, vem preocupando o governo das duas cidades há muito tempo. E nesta quinta-feira (04) a precariedade da travessia ficou ainda mais evidente: uma parte da mureta de contenção da cabeceira sul da ponte cedeu enquanto um pescador se escorava no local – ele não se feriu, segundo informações. Os prefeitos dos dois municípios foram ao local e fizeram cobranças aos governos estadual e federal.
O prefeito de Imbé, Pierre Emerim, lembrou que a novela para construção de uma travessia alternativa vem de anos. Ele denuncia que o contrato para liberação da contratação do projeto da nova ponte está parado em Brasília há mais de três meses. “Na semana retrasada eu fiz uma manifestação explicando para a população como está o processo licitatório para contratação do projeto da nova ponte. E fiz um apelo para que alguém intervisse, junto ao governo federal, pela liberação do contrato que está para apreciação”, disse. “Um ato de três minutos bastaria para autorizar o início do projeto”, avalia.
O aval do Governo Federal é o último entrave para liberar a empresa Beck de Souza Engenharia LTDA, vencedora do processo licitatório finalizado pela Prefeitura de Imbé em fevereiro deste ano, para iniciar os estudos. Através de parceria com o Ministério da Integração Nacional, a União liberou R$ 2,7 milhões para elaboração do projeto da nova travessia, além de estudo do traçado de engenharia e arquitetônico.
Enquanto os prefeitos falavam, uma equipe do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) substituía a mureta derrubada por uma estrutura provisória formada por madeiras, fitas e cones. “Nós estamos há anos alertando os governos estadual e federal. Essa ponte não reúne mais as condições necessárias para dar segurança às pessoas e veículos que por aqui passam diariamente”, reclama Pierre. “O Daer faz pequenas reformas eventualmente, com poucos recursos, mas é um perigo. Quase tivemos uma tragédia hoje. Se essa proteção caiu, eu não tenho como ter certeza que os demais locais estão seguros”, complementa.
Ao lado do prefeito de Tramandaí, Luiz Carlos Gauto, Pierre sugeriu uma força-tarefa com as equipes de engenharia dos dois municípios para atualizar a situação estrutural da ponte. “Mais uma vez vamos unir os profissionais das duas cidades para avaliem a situação. Um serviço que deveria ser realizado pelo Estado, que há muito tempo vem abrindo mão de suas responsabilidades”, denuncia. “Ficamos de mãos atadas. Não sabemos mais para quem pedir ajuda. Talvez para o Papa”, ironizou.
Gauto lembra que há anos os dois governos cobram melhorias significativas na estrutura atual e também a viabilidade de recursos para o projeto e para a construção de uma travessia alternativa. “Estamos alinhando esforços para buscar uma solução para o problema que vem de muitos anos. Nos alinhamos com a bancada gaúcha para garantir os recursos necessários para contratação do projeto e estamos chamando a atenção de todos sobre as condições precárias para as pessoas e para o trânsito”, diz o prefeito.
Se o processo em Brasília não andar, Pierre fala inclusive em denunciar o Governo Federal às autoridades competentes. “Vamos ao Ministério Público Federal cobrar uma definição da União. E também denunciaremos o Estado no Ministério Público Estadual pela omissão de suas responsabilidades. A cada dia essa estrutura demonstra que a nossa população está em risco”, finaliza.