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Comissão debate situação dos pacientes com câncer e doenças renais durante a pandemia
Regional
Publicado em 03/06/2020

Preocupada com a queda na busca de exames, diagnósticos e tratamentos de doenças como o câncer e a insuficiência renal durante a pandemia do coronavírus, a deputada Franciane Bayer (PSB) convidou representantes de entidades ligadas ao assunto para fazerem um relato da situação, durante reunião virtual da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da ALRS, realizada nesta quarta-feira (03).   “Como presidente de duas frentes parlamentares, que tratam sobre o câncer na mulher e a nefrologia, identifiquei a necessidade de esclarecer como está se dando o encaminhamento de pacientes com doenças crônicas e quais os protocolos adotados para que estas pessoas que representam um grupo de risco se sintam seguras para dar continuidade aos tratamentos, aos exames e diagnósticos no sistema de saúde”. A deputada também relatou que encaminhou um ofício solicitando o apoio da Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs) para orientar e fiscalizar junto aos municípios os procedimentos especiais para o transporte de pacientes que necessitam de tratamentos durante a pandemia. Outra preocupação apontada pela parlamentar diz respeito aos protocolos para retirada de medicamentos nas farmácias por esses pacientes mais vulneráveis. 

A sugestão da deputada Franciane é que uma nova reunião seja marcada pela Comissão com a Secretaria Estadual da Saúde, alguns municípios com gestão plena na área e a Famurs, a fim de que esclareçam os procedimentos e orientações. “De posse dessas informações iremos propor junto à Mesa Diretora, da qual faço parte, uma ampla campanha de conscientização da sociedade sobre a importância de não descuidar de outros problemas de saúde, da continuidade de tratamentos. Caso contrário, perderemos mais vidas por outras doenças além do coronavírus”.

Participaram da reunião a presidente do Imama, Maira Caleffi, o presidente do Instituto do Câncer Infantil, Algemir Lunardi Bunetto, a presidente da Via Vida, Maria Lúcia Elber e a presidente da Rim Viver, Ana Terezinha Milczarek. Todos os convidados foram unânimes em seus relatos, demonstrando preocupação com a baixa nos cuidados com problemas de saúde durante a pandemia .Eles chamaram a atenção para a queda dramática nos atendimentos a outras doenças que não a Covid-19 e as implicações desse fenômeno. Alguns procedimentos tiveram redução de mais de 80% em decorrência da pandemia. Além das dificuldades encontradas no Sistema de Saúde, eles relataram o medo e o sentimento de insegurança das pessoas, que acaba fazendo com que não busquem ajuda.

Para a médica Maira Caleffi, do Instituto da Mama, este período tem sido um desafio. “As pessoas estão com dúvidas. Não sabem se é seguro ir ao hospital ou até seus médicos. E quem está para fazer o diagnóstico tem muita dificuldade de marcar os seus exames. Esta situação pode gerar um surto de casos avançados logo ali na frente”, alertou. Em termos de exames preventivos, segundo ela, verificou-se uma queda de 20 a 30% no setor privado. No caso das biópsias, a redução foi de mais de 50%. “As pessoas estão angustiadas, muitas vezes com diagnóstico por imagem ou recomendação para realizarem a biópsia, mas não o fazem por medo do contágio”, disse. Porém, alertou, quando maligno, o tumor aumenta em três ou quatro meses, por isso, em setembro ou outubro, a situação do paciente que o tenha será muito grave.

O presidente do Instituto do Câncer Infantil, Algemir Lunardi Bunetto, disse que as medidas restritivas estão prejudicando as demais doenças e que no caso do câncer infantil, onde o problema avança rapidamente, os pacientes não podem ficar desassistidos. “Os hospitais mesmo vazios estão tendo as consultas desmarcadas. Para cada morte por coronavírus, teremos cinco por outras doenças”, estimou. “Imagina um linfoma, que dobra de volume em 48 horas, e a pessoa não indo ao hospital”, disse.

Citando pesquisa realizada com 50 famílias com criança com câncer em Porto Alegre, disse que 86% delas não estavam indo às consultas. Conforme outra pesquisa mencionada por ele – publicada na Lancet Oncology –, com 453 oncologistas pediátricos de 20 países da America do Sul, 89% deles diziam que as consultas estavam sendo canceladas ou postergadas em razão da pandemia.”.

Na área do transplante de órgãos, a presidente da Via Vida, Lúcia Elber disse que eles não estão acontecendo em sua maioria. “Como existe o medo de contaminação por coronavírus tanto por parte do doador como do receptor e os testes demoram um tempo maior do que determinados órgãos para transplantes podem esperar, eles não estão sendo realizados, aumentando a fila de espera que hoje chega a 2,4 mil pessoas”. 

Na mesma linha, a presidente da Rim Viver, Ana Milczarek ressaltou que os pacientes com doenças crônicas renais estão deixando de buscar tratamento e que os ambulatórios estavam fechados devido a medidas restritivas.

Foto: Ariel Pedone

FABIANA CALÇADA

Assessora de Imprensa

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