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Com recorde de projetos, Mostratec aproxima jovens da pesquisa científica
Brasil
Publicado em 25/10/2019

A vontade de transformar o mundo através do conhecimento é o que inspira estudantes a se reunirem na Mostra Internacional de Ciência e Tecnologia (Mostratec), em Novo Hamburgo, para trocar experiências e trabalhar em soluções de problemas locais e globais. A mostra organizada pela Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha encerra nesta quinta-feira (24/10) a 34ª edição com um recorde de projetos inscritos. Foram 755 trabalhos formulados por cerca de 2,3 mil alunos de 21 países e de todos os Estados do Brasil.

“São alunos do ensino técnico, fundamental e infantil. Eles buscam em 13 áreas do conhecimento aplicar o que aprenderam em aula para descobrir a solução de problemas em projetos de pesquisa”, explica o diretor executivo da fundação, Ramon Fernando Hans. Os projetos expostos estão divididos entre 420 na Mostratec (ensino médio e técnico) e 335 na Mostratec Júnior (fundamental com 263 e infantil com 72).

O diretor, que é engenheiro e também foi aluno da Fundação, destaca o comprometimento da instituição com a pesquisa. “A Fundação Liberato acreditou nesta ideia. Antes mesmo da Mostratec existir, já tínhamos a feira interna na escola, que tem 52 anos, sempre entendendo que o ensino bom é aquele em que o aluno descobre o motivo de estar estudando algo. Nós temos disciplinas de projeto e metodologia científica na escola desde o primeiro ano do ensino médio”, afirma.

Nos estandes, idiomas de todo o mundo e sotaques de todo o Brasil dão o tom do evento, que é considerado um dos maiores do segmento na América Latina. Representando a rede estadual do Rio Grande do Sul, alunos de diversas regiões do Estado marcaram presença com projetos de todas as áreas. Para o secretário da Educação, Faisal Karam, a mostra é um exemplo da força da escola pública. “Temos aqui exemplos de projetos inovadores e que são uma esperança para o futuro e o desenvolvimento do Estado. Esse evento é um orgulho, que transforma, renova e nos dá a certeza de que estamos no caminho certo", disse.

Preocupação com o meio ambiente

Entre estes exemplos está um trio de estudantes do 2º Ano da Escola Técnica Estadual Monteiro Lobato, de Taquara, que elaborou uma pesquisa com base em um problema presente no cotidiano da região: o descarte de resíduos das indústrias calçadistas. “Nosso projeto é um tijolo feito à base de couro rachado e pó de couro, com cola PVA e fungicida. Desenvolvemos na disciplina de projeto de pesquisa”, explicou Maisa Larissa Adam, 17 anos, integrante do grupo. Ela comemora a oportunidade de expor o trabalho na feira. “Significa muito. É uma oportunidade de melhorar nosso projeto e concretizar nossos objetivos de levar ele adiante”, afirma.

Quem também foi motivado por uma situação regional foi o grupo de alunos da Escola Estadual Técnica Celeste Gobatto, de Palmeira das Missões. “É uma escola agrícola e temos grande contato com a produção. A nossa região é uma grande produtora de soja e os produtores enfrentam muito o problema da ferrugem asiática. Então desenvolvemos um projeto de controle alternativo com café arábica”, explica o estudante Alfredo Henrique Suptiz, 18 anos.

A ideia, segundo o grupo, testada em campo, apresentou resultados equivalentes ao de uso de agrotóxicos. "Então, oferecemos uma alternativa muito mais sustentável com o grão de café”, observou Alfredo. O trabalho contou ainda com estimativas de custo, que mostraram que a alternativa criada é mais econômica para o produtor do que os químicos.

Todo o esforço resultou na classificação para a Mostratec, o que orgulhou e entusiasmou os participantes. “O conhecimento que nós adquirimos com esta experiência é algo que nunca vão nos tirar, e estar aqui hoje é uma grande conquista. Também podemos ver as culturas de outros países e conhecer muitos trabalhos circulando por aqui. É algo magnífico e uma semente que está sendo plantada por jovens”, comemorou Alfredo.

Experiência na feira vai na bagagem

Professor orientador do grupo, Magnos Volpato destacou o mérito dos alunos pelo interesse e proposição de soluções e ressaltou que a pesquisa pode ser um aprendizado multidisciplinar. “A pesquisa pode incluir várias disciplinas para chegar em um resultado, e aqui mesmo na feira nós já encontramos várias ideias que se somam às deles, para aprimorar o projeto. Isso é algo muito interessante que eles vão levar daqui”, afirmou o professor

Entre os estudantes estrangeiros com projetos na Mostratec estava Anastasia Rubnikovich, 17 anos, que veio de Minks, capital da Bielorrúsia. A jovem disse que vai levar na bagagem muitos novos amigos brasileiros e uma grande experiência de troca de conhecimentos. “Estava muito empolgada para mostrar meu projeto para o público e estou aproveitando muito essa grande feira. Só tenho a agradecer a Mostratec por esta experiência”, disse.

A mostra vai ainda premiar os quatro melhores projetos em cada área, além dos prêmios e incentivos educacionais que estão sendo oferecidos por 36 organizações, estimados em mais de R$ 1 milhão. “Os alunos selecionados são premiados com o credenciamento para outras feiras nacionais e internacionais, e estas organizações vão oferecer o patrocínio e o suporte para as viagens, além de imersões nas suas matrizes”, contou o diretor Hans, que acredita no futuro daqueles que classifica como “estudantes 4.0”. “Quando promovemos um ensino em que os alunos querem aprender, estamos promovendo empreendedores e recursos humanos qualificados para o Estado e para o país”, acrescentou.

Texto: Thamíris Mondin/Secom

Edição: Marcelo Flach/Secom

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