A UNICEF denunciou nesta semana que Israel está bloqueando a entrada de cerca de 1,6 milhão de seringas e outros materiais essenciais destinados à vacinação de crianças na Faixa de Gaza. Segundo a agência da ONU, o impedimento vem comprometendo seriamente a campanha de imunização infantil, em meio à grave crise humanitária que atinge o território desde o início da guerra.
Os carregamentos — que incluem seringas, vacinas e geladeiras solares para armazenamento dos imunizantes — aguardam autorização das autoridades israelenses desde agosto. Sem esses insumos, milhares de crianças menores de três anos continuam desprotegidas contra doenças evitáveis, como sarampo e poliomielite.
A UNICEF classificou a situação como “alarmante e inaceitável”, alertando que o bloqueio pode levar ao colapso total dos programas de imunização infantil em Gaza. “Estamos prontos para iniciar a vacinação imediatamente, mas nossos suprimentos continuam retidos”, afirmou o porta-voz da agência.
Israel, por meio de seus órgãos de controle fronteiriço, ainda não apresentou justificativa pública para a retenção dos materiais. Fontes ligadas ao governo israelense alegam que certos equipamentos, como as geladeiras solares, podem ser considerados de “uso duplo” — ou seja, ter aplicação civil e militar —, o que exige inspeções adicionais. No entanto, organizações humanitárias classificam o argumento como insustentável, diante da urgência sanitária e do risco à vida de milhares de crianças.
Nos últimos meses, o bloqueio à entrada de suprimentos médicos e alimentos tem sido denunciado por diversas agências das Nações Unidas. O Fundo das Nações Unidas para a Infância reforça que nenhum item retido possui uso bélico e que todos são indispensáveis à saúde pública.
“O atraso na liberação desses materiais é uma questão de vida ou morte para as crianças de Gaza”, afirmou a diretora regional da UNICEF para o Oriente Médio. “Cada dia de espera significa mais infecções, mais doenças e mais sofrimento para uma população já exausta.”
A crise se soma a um cenário devastador: hospitais sobrecarregados, falta de energia, colapso dos sistemas de saneamento e escassez generalizada de medicamentos. Especialistas alertam que a combinação entre desnutrição, falta de vacinas e más condições sanitárias pode desencadear surtos de doenças infecciosas em larga escala.
Enquanto isso, os carregamentos humanitários permanecem parados nas fronteiras — e a infância de Gaza segue à beira de uma catástrofe sanitária.