O turismo, principal fonte de renda da ilha, depende da preservação dos moai e de outros sítios arqueológicos - (crédito: Noah Paoa/Divulgação)
Os icônicos Moais, gigantescas estátuas de pedra que guardam séculos de história e cultura na Ilha de Páscoa (Rapa Nui), estão sob ameaça direta. Uma nova pesquisa alerta que a elevação do nível do mar e o avanço das ondas podem destruir grande parte do patrimônio cultural costeiro da ilha, incluindo o famoso Ahu Tongariki, onde 15 dos imponentes Moais se erguem.
O estudo, publicado no Journal of Cultural Heritage, revela um cenário preocupante: mesmo hoje, alguns locais já são vulneráveis à ação das ondas. As projeções são ainda mais alarmantes, indicando que o número de bens culturais impactados pode triplicar até 2100. Em um cenário de alta elevação do nível do mar (1,2m), o Ahu Tongariki, símbolo da ilha e Patrimônio Mundial da Unesco, poderá ser atingido por ondas sazonais já em 2080. Em casos mais extremos, com 3 metros de elevação, as ondas podem cercar ou até mesmo cobrir completamente o sítio arqueológico.
O Ahu Tongariki é o maior altar cerimonial polinésio já construído e abriga 15 estátuas de pedra, conhecidas como moai. Esses monumentos, erguidos há séculos pelo povo Rapanui, representam ancestrais e carregam enorme valor espiritual, histórico e turístico. Mais do que um cartão-postal, eles são parte da identidade e da economia local. “Proteger o Ahu Tongariki é preservar a memória viva de um povo”, destaca o pesquisador principal do estudo, Noah Paoa, da Universidade do Havaí.
Impacto econômico e cultural
A perda ou dano ao patrimônio teria consequências severas para Rapa Nui. O turismo, principal fonte de renda da ilha, depende da preservação dos moai e de outros sítios arqueológicos. Além disso, essas estruturas desempenham papel central na cultura Rapanui, reforçando tradições e práticas ancestrais.
“A destruição desse patrimônio não seria apenas uma perda para Rapa Nui, mas para toda a humanidade”, alerta um representante da comunidade local.
Quais soluções estão na mesa
O estudo aponta possíveis estratégias para minimizar os danos, cada uma com desafios próprios:
Acomodação: adaptação física e monitoramento, mais viável para estradas, mas difícil para estruturas arqueológicas.
Proteção: construção de paredões ou barreiras, cuja eficácia a longo prazo é incerta e pode gerar erosão em outras áreas.
Adaptação baseada em ecossistemas: restauração de recifes de coral ou outras barreiras naturais, embora a viabilidade local ainda dependa de estudos ambientais.
Realocação: transferência de moai ou fragmentos para áreas mais altas. Para alguns especialistas, pode ser inevitável no futuro.
Roberto Fonseca +
Correioi Braraziliense