Mutação de bactéria encontrada na Estação Espacial Tiangong recebeu nome em homenagem ao satélite - (crédito: wikimedia commons Shujianyang)
Uma nova cepa de bactéria que existe somente dentro da Estação Espacial Tiangong, da China, foi descoberta por pesquisadores que publicaram, em março, estudo em periódico internacional da Sociedade de Microbiologia. O novo microrganismo, relacionado a outro que causa infecções de feridas em humanos, foi nomeado Niallia Tiangongensis.
A célula foi revelada a partir da coleta de amostras da superfície dentro da estrutura do satélite — cujo título inspirou o nome do novo ser vivo.
Comum no solo, o gênero Niallia tem agora, portanto, uma versão até o momento extraplanetária. Enquanto a espécie terrestre mais conhecida, Niallia-circulans, está associada a inflamações, a nova bactéria tem funções mais interessantes.
Comum no solo, o gênero Niallia tem agora, portanto, uma versão até o momento extraplanetária. Enquanto a espécie terrestre mais conhecida, Niallia-circulans, está associada a inflamações, a nova bactéria tem funções mais interessantes.
A Tiangongensis tem capacidade de decompor gelatina e usá-la como fonte de nitrogênio e de carbono. Além disso, parece poder, a partir de investigações iniciais, ser mais eficiente na criação de biofilmes — nome dado à proteção obtida por meio de conexão de diferentes micróbios individuais.
Até o momento, não se sabe se a nova espécie evoluiu no espaço a partir de mutações específicas da versão terrestre. Uma outra hipótese, que corrobora com as funções da nova bactéria, sugere que estruturas reprodutivas com alterações genéticas se encontraram em ambiente em que as mudanças eram vantajosas.
Outro fato que fortaleceria essa ideia, além da decomposição de gelatina e do possível aumento de capacidade na criação de biofilmes, é o de que algumas mutações proteicas responderiam melhor ao estresse oxidativo. Assim, conseguem se autorreparar de forma mais fácil de danos causados pela radiação e pela microgravidade, o que seria muito útil e vantajoso no espaço.
O módulo central de Tiangong, que deu início à construção da estação espacial chinesa, foi lançado em 2021. A cada quatro meses, são enviados para lá três taikonautas — nome dado a astronautas da China — para a realização de experimentos em órbita e para a coleta de amostras. Foi em uma dessas viagens que a Niallia Tiangongensis foi encontrada.
Outros casos
De acordo com o portal de divulgação científica IFLScience, a presença de bactérias mutantes em satélites extraplanetários não é incomum.
Em 2018, foram encontradas, na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), cinco cepas relacionadas à bactéria patogênica — ou seja, que produz doenças — Enterobacter bugandensis. Em 2024, foram observadas outras oito variações do mesmo microrganismo, distintas geneticamente das contrapartes terrestres.
Além disso, os resultados da pesquisa podem ser aplicados à vida terrestre — uma vez que as novas versões de microrganismos podem revelar pontos fracos dos semelhantes na Terra. Assim, o conhecimento extraplanetário poderia ser útil para combater células geradoras de doenças que acometem humanos.
Com informações do IFLScience
Por Lara Perpétuo Correio Braziliense