Quando completou 90 anos, em 2017, Divaldo Franco foi homenageado na Câmara dos Deputados. Na época, o Correio Braziliense entrevistou o líder espírita e destacou a trajetória de sete décadas ao espiritismo e às crianças das periferias de Salvador, na Bahia. Em 1952, ao lado de Nilson de Souza Pereira, ele criou a obra social Mansão do Caminho.
O líder espírita morreu aos 98 anos, na terça-feira (13/5). Ele enfrentava um câncer na bexiga e vinha recebendo cuidados médicos em casa, em Salvador.
A reportagem de 2017, assinada pela jornalista Deborah Fortuna, descreveu Divaldo com as seguintes características: riso frouxo, fala mansa e aparência impecável.
A reportagem de 2017, assinada pela jornalista Deborah Fortuna, descreveu Divaldo com as seguintes características: riso frouxo, fala mansa e aparência impecável.
Divaldo foi o responsável direto pela criação de 685 crianças e acolheu outras milhares de pessoas. Na entrevista, ele citou a importância do amor como ferramenta de transformação social. “Quando amamos e desdobramos o sentimento de amor, o mundo se torna melhor, porque nós nostornamos melhores. Nós temos inimigos, mas é importante não ser o inimigo de ninguém”
Durante a sessão em que foi homenageado, Divaldo destacou o exemplo da vida de Jesus. “Jesus vem e demonstra que a verdadeira boa aventurança produz a paz. Que a verdadeira criatura que atinge o amor, logra. A solidariedade, a transformação, por consequência, são a transformação do mundo,” afirmou.
Divaldo também destacou que acreditava que a homenagem que ele recebeu na Câmara pudesse incentivar às pessoas a trilharem o caminho da solidariedade. “Vai estimular outras pessoas a se dedicarem ao bem. E o bem compensa a nós próprios. O bem que fazemos nos faz um grande bem”.
Ao Correio, o médium relatou que viu um espírito pela primeira vez aos quatro anos. Na adolescência ele chegou a enfrentar julgamentos e foi levado a psiquiatras, que o identificaram como esquizofrênico. "Embora católico — eu confessava, fazia promessas —, quanto mais eu me concentrava orando no santíssimo altar, mai seu via”, revelou.
“Para mim, era uma pertubação contínua, porque eu não sabia do que se tratava e, como o sacerdote disse que era uma interferência demoníaca, para poder me tirar da igreja, isso me apavorou”, acrescentou.
Apesar dessas dificuldades, Divaldo se tornou um dos maiores divulgadores da doutrina espírita. Ele publicou 250 livros, distribuídos em 17 idiomas.
Leia a reportagem de 2017 na íntegra:
No dia em que viu um espírito pela primeira vez, Divaldo, à época com 4 anos, não tinha ideia do rumo que a vida tomaria nos anos seguintes. Enquanto brincava na sala de casa, uma senhora apareceu. Sem medo, chamou pela mãe. Ela brigou: “Não há ninguém aqui”. Mas, nos olhos do garoto, aquela senhora de idade era tão real quanto qualquer pessoa decarne e osso. Foi ali, no municípiode Feira de Santana (BA), que a história começou. Hoje, aos 90 anos, Divaldo Pereira Franco é um dos médiuns mais cultuados pela Federação Espírita. Viajou por 70 países, visitou 2,5 mil cidades,montou uma comunidade para crianças em situação de vulnerabilidade social e foi homenageado como uma das personalidades que construíram um mundo melhor em uma solenidade, ontem, na Câmara dos Deputados.
O riso é frouxo, a fala é mansa ea aparência, impecável. Com nove décadas de idade, Divaldo tem simpatia de sobra e espalha amor. Pelo menos, é essa a mensagem que ele quer passar a todos os jovens: a de que o mundo tem violência demais e que, agora, é necessário enchê-lo de boas ações. “Quando amamos e desdobramoso sentimento de amor, o mundo se torna melhor, porque nós nostornamos melhores. Nós temos inimigos, mas é importante não ser o inimigo de ninguém”, afirmou. Pelas ações, Divaldo foi homenageado pela Câmara dos Deputados. Em 2005, ele recebeu o título de Embaixador da Paz no Mundo, concedido por uma universidade em Genebra.
Por Aline Gouveia Correio Braziliense