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A briga entre Nasa e russos para conter vazamento catastrófico na ISS
Tecnologia
Publicado em 15/11/2024

Oficiais dos Estados Unidos consideram a questão atual a mais grave a afetar a ISS, que poderia inclusive impactar a segurança da tripulação, de acordo com relatório do inspetor geral da Nasa - (crédito: Nasa)

Um vazamento em uma parte da Estação Espacial Internacional (ISS) controlada pela Rússia está permitindo que pressão e ar escapem. A Nasa e a agência espacial russa, a Roscosmos, discordam da gravidade do problema, que os americanos consideram "catastrófico"

A estação, que tem tamanho de um campo de futebol, precisa se manter pressurizada e com gases respiráveis para abrigar uma tripulação rotativa de astronautas. O laboratório recebe profissionais desde 2000, e em 2019 já apresentou um vazamento, também em um módulo russo (chamado Zvezda), em uma doca para carregamento de carga e suprimentos.

No entanto, o escoamento de ar percebido neste ano está em uma escala a mais de gravidade, de acordo com os americanos. Oficiais dos Estados Unidos consideram a questão atual a mais grave a afetar a ISS, que poderia inclusive impactar a segurança da tripulação, de acordo com relatório do inspetor geral da Nasa.

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A agência espacial americana "expressou preocupação sobre a integridade da estrutura do módulo [que está vazando] e a possibilidade de uma falha catastrófica", disse o astronauta da Nasa Bob Cabana, líder do Comitê Consultivo da ISS na agência, à CNN.

Segundo Cabana, a Roscosmos orientou seus profissionais a procurar por áreas problemáticas no módulo em questão, mas o time russo "não acredita que uma desintegração catastrófica seja realista".

A agência espacial americana "expressou preocupação sobre a integridade da estrutura do módulo [que está vazando] e a possibilidade de uma falha catastrófica", disse o astronauta da Nasa Bob Cabana, líder do Comitê Consultivo da ISS na agência, à CNN.

Segundo Cabana, a Roscosmos orientou seus profissionais a procurar por áreas problemáticas no módulo em questão, mas o time russo "não acredita que uma desintegração catastrófica seja realista".

"Os russos acreditam que a continuidade das operações é segura, mas eles não podem provar esse ponto satisfatoriamente para nós. Enquanto isso, os Estados Unidos acreditam que a estação não está segura, mas não conseguimos provar isso satisfatoriamente para a Rússia", completou o astronauta.

Neste cenário, os Estados Unidos buscam profissionais independentes dos dois lados para avaliarem a questão e ajudarem as duas agências espaciais a entrarem em um consenso sobre o vazamento.

Enquanto isso, astronautas e cosmonautas (termo usado pelos russos) receberam instruções para manter a área com escoamento de ar totalmente selada, ao menos quando ela deva ser aberta para receber suprimentos.

Vazamentos

A Nasa e a Roscosmos sabiam do vazamento no módulo russo da ISS há anos, e, apesar de as rachaduras serem pequenas e invisíveis a olho nu, era possível controlar o escoamento de ar até então. Mas, neste ano, entre 0,9kg e 1,13kg de ar passaram a vazar por dia da estação espacial — para se manter pressurizada, a ISS precisa de 6,66kg de ar a cada 6,45 cm².

Não há consenso entre russos e americanos sobre o que estaria causando o problema. Segundo a Roscosmos, as vibrações causadas por sistemas mecânicos usados para o estoque de energia estariam pressionando as paredes, causando "fadiga de ciclo intenso", um fenômeno em que uma força relativamente leve começa a tachar um metal até um ponto de falha durante um longo período de tempo.

A Nasa, por sua vez, acredita que a falha envolve uma série de fatores que envolvem estresse mecânico, exposição ao ambiente e "estresse residual" ou potenciais problemas decorrentes dos materiais usados no módulo de transferência.

Isabela Stanga 

Correio Braziliense

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