As camadas de gelo analisadas pelos pesquisadores forneceram informações sobre como os vírus se comportaram durante três períodos de transição entre frio e calor nos últimos 41 mil anos — imagem meramente ilustrativa - (crédito: Freepik/imagem gerada por inteligência artificial)
Pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, descobriram milhares de espécies virais preservadas em amostras de gelo da Cordilheira do Himalaia. A análise das amostras, coletadas na Geleira Guliya, localizada no extremo noroeste do Planalto Tibetano, revelou informações sobre as mudanças climáticas da Terra ao longo dos últimos 41 mil anos.
Os cientistas conseguiram reconstruir fragmentos de DNA viral a partir do gelo, identificando cerca de 1.700 espécies virais, das quais 75% são inéditas. Embora a extração de gelo pré-histórico não represente risco para a saúde humana, os pesquisadores descobriram que as adaptações dos vírus tiveram um impacto significativo na sobrevivência de seus hospedeiros em condições extremas durante as variações climáticas.
ZhiPing Zhong: pesquisa indica "a conexão potencial entre vírus e mudanças climáticas"
(foto: Divulgação/Universidade Estadual de Ohio)
Segundo ZhiPing Zhong, autor principal do estudo, "antes deste trabalho, a relação entre os vírus e as grandes mudanças climáticas da Terra havia permanecido praticamente inexplorada". O estudo, publicado na revista Nature Geoscience nesta segunda-feira (26/8), destaca a importância de coletar amostras de gelo antes que derretam devido ao aquecimento global. "Perfurar gelo pré-histórico não tem implicações para a saúde dos humanos modernos, porque esses vírus há muito adormecidos provavelmente infectaram outros micróbios dominantes em vez de animais ou humanos", ressalta ZhiPing Zhong.
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As camadas de gelo analisadas pelos pesquisadores forneceram informações sobre como os vírus se comportaram durante três períodos de transição entre frio e calor nos últimos 41 mil anos. A análise genética revelou que, embora a maioria dos vírus encontrados na geleira fosse única, cerca de 25% apresentavam sobreposição com organismos conhecidos de outras regiões do mundo. Isso sugere que alguns desses vírus podem ter sido transportados de lugares como o Oriente Médio ou até mesmo o Ártico.
Dos vários tipos de novos vírus relatados, a comunidade viral mais distinta que a equipe observou data de cerca de 11.500 anos atrás, uma época durante a qual ocorreu uma grande transição climática do frio Último Estágio Glacial para o quente Holoceno.
Isso sugere que os microrganismos estavam reagindo às mudanças climáticas à medida que as temperaturas globais mudavam de frias para quentes, mas ainda é muito cedo para dizer com certeza, disse Zhong. “Isso pelo menos indica a conexão potencial entre vírus e mudanças climáticas”, completou ele.
O estudo também sugere soluções para prever como os vírus modernos podem reagir e interagir com o aquecimento futuro dos ecossistemas. Além disso, a análise do DNA viral antigo pode levar a novas descobertas e conclusões sobre a história da Terra.
Os pesquisadores enfatizam a importância de continuar a estudar essas amostras de gelo antes que o aquecimento global as comprometa. O estudo destaca a necessidade de uma abordagem interdisciplinar para enfrentar desafios científicos complexos e aproveitar o potencial das técnicas de análise genética.
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