Entrou em vigor, nesta terça-feira, a greve nacional do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A principal reivindicação dos servidores é a falta de avanço na discussão sobre a carreira.
O diretor do Sindisprev-RS e servidor do INSS Thiago Manfroi destacou que a carreira no INSS não evoluiu nos últimos anos, o que tem frustrado os servidores. " A gente teve um acordo em 2015 que foi descumprido. Nenhum governo atendeu a pauta de reivindicação do INSS. Estamos insatisfeitos e frustrados com as condições que nos foram dadas”, disse Manfroi lembrando que os servidores realizaram um mutirão nacional para reduzir os quase 3 milhões de processos represados, chegando atualmente em torno de 800 mil, na expectativa de que as reinvindicações de carreira fossem atendidas.
“Os servidores se dedicaram nesse ano e meio na perspectiva da negociação, e aí o governo obviamente rompeu todas essas possibilidades. Quando ele joga para mesa, que deveria discutir carreira, somente a pauta salarial, não é o que nós esperávamos. Por três reuniões a gente tentou colocar para o governo que nós não estávamos ali para discutir salário, nesse momento. Estávamos para discutir a nossa carreira, o atendimento do INSS, a própria reestruturação do INSS enquanto órgão, que está defasado hoje em dia”.
Além da estagnação na carreira, os servidores denunciam um desmonte progressivo da estrutura do INSS. Segundo o diretor, quatro agências da regional Porto Alegre foram fechadas, reduzindo drasticamente o acesso da população aos serviços presenciais. “Quando a gente fala em reestruturação de carreira, a gente está falando de reestruturação do INSS, para garantir que ela continue sendo uma autarquia que preste esse serviço tão importante para a população”, afirmou.
Sobre a informatização do trabalho, os servidores afirmam que as condições ainda são precárias. "As vezes a gente não consegue analisar um processo por causa do computador, que é lento. O INSS diz que está reestruturando, enviando equipamentos, mas a quantidade é insuficiente. E houve uma redução significativa na força de trabalho. Nós éramos 38 mil servidores. Atualmente são 20 mil servidores”, destacou.
A greve pode impactar diretamente o atendimento aos segurados, especialmente aqueles que dependem de auxílio-doença. Embora as perícias médicas não estejam paralisadas, a falta de funcionários pode atrasar a análise e liberação de benefícios. A intenção é de que a greve venha a crescer com a adesão de mais servidores.
Foto: Pedro Piegas/ Correio do Povo