Estimativa divulgada nesta quinta-feira, 13, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), indica que a safra nacional de arroz de 2024 deverá apresentar um crescimento de 3,6% em relação ao ano passado. De acordo com o levantamento, o Brasil deverá colher 10,397 milhões de toneladas contra 10,031 milhões de toneladas em 2023, totalizando 363,9 mil toneladas a mais. Os dados foram incluídos nas projeções da companhia para a safra de grãos do atual ciclo, estando atualizados em relação aos efeitos da calamidade climática ocorrida em maio, no Rio Grande do Sul.
Mesmo com a quebra da safra no Estado, em razão das chuvas e enchentes, a produção gaúcha deverá registrar um crescimento de 2,1%, atingindo 7,08 milhões de toneladas. O resultado aponta aumento de 148,8 mil toneladas em relação aos 6,93 milhões de toneladas de 2023. O Rio Grande do Sul responde por cerca de 70% do arroz disponibilizado pelas lavouras do país. Até o início do fenômeno climático, 84% da área plantada na região haviam sido colhidas.
Importação desnecessária
Na avaliação do presidente do Sindicato da Indústria do Arroz no Estado do Rio Grande do Sul (Sindarroz), Dudu Nunes, os números representam uma nova confirmação de que a importação do cereal pretendida pela Conab é desnecessária. “É um contrassenso. A Conab não está seguindo os números da área técnica, que faz a estatística. Não há necessidade de importar. A safra é suficiente”, diz Nunes. Além do crescimento da safra, o dirigente salienta que as exportações serão menores este ano, invertendo a relação com a importação do produto realizada a cada período pela iniciativa privada. “Aliás, já tem três navios contratados. Um chega ao início de julho, outro chega a meados de julho, outro em agosto”, afirma. “Essa intervenção governamental, além de ser um erro, por não haver necessidade, é um absurdo em termos de economia”, salienta.
Autorizada pelo Palácio do Planalto, a companhia tem a intenção de adquirir até um milhão de toneladas de arroz no Exterior, a custo de R$ 7 bilhões. A alegação é de que a compra evitaria um eventual desabastecimento provocado pela devastação ocorrida no Estado, com decorrente aumento especulativo de preços. Para Nunes, a motivação para a aquisição, com posterior venda ao consumidor com preço subsidiado e tabelado, seria política. “O governo quer botar um pacote [de um quilo de arroz] a R$ 4, com sua logomarca, em ano de eleição para fazer uma plataforma política”, dispara.
Baixa nos grãos
De acordo com Conab, a produção de grãos no ciclo 2023/2024 está estimada em 297,54 milhões de toneladas. O volume é 7% menor do que o obtido na temporada anterior, o que representa menos 22,27 milhões de toneladas a serem colhidas. A quebra é resultado das condições climáticas adversas que influenciaram as principais regiões produtoras do país. Já os cultivos de segunda safra, que tiveram a colheita iniciada, têm apresentado melhor produtividade e, na comparação com a estimativa publicada no mês de maio, verifica-se aumento de 2,1 milhões de toneladas, com destaque para milho, algodão em pluma e feijão.
Foto: Fernando Dias / Seapi / Correio do Povo
Poti Silveira Campos/ Correio do Povo