O cacique Raoni olha para a foto da posse de Lula, em que ele foi um dos convidados para subir a rampa com o presidente eleito - (crédito: Vinicius Doria/CB/DA.Press)
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Vinicius Doria
Sem c:55onversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desde que subiu a rampa do Planalto com o presidente eleito, em 1º de janeiro, o cacique caiapó Raoni — uma das lideranças indígenas mais conhecidas em todo o mundo — passou a semana em Brasília. Para marcar uma audiência com Lula, Raoni mobilizou a Funai, assessores palacianos e parlamentares. Sem resposta da Presidência, ele foi, ontem, ao Palácio do Planalto, mas não chegou ao gabinete presidencial. Foi recebido na Secretaria Nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas, comandada por Kelli Cristine de Oliveira Mafort.
Como o senhor avalia os 10 meses do governo Lula?
Tivemos uma época muito difícil sob a liderança do presidente Bolsonaro, tivemos muitos problemas, muitos desafios, e Lula começou (o governo) nos dando esse apoio, esse discurso de nos ajudar, de demarcar e proteger as terras indígenas. Quando eu penso em demarcações, eu penso na floresta. A floresta tem as suas folhas, e as folhas deixam a sombra para todos nós, para que a terra não se aqueça muito e para que possamos respirar. São esses pensamentos que eu venho compartilhando.
O senhor esteve na posse do presidente e, até agora, após 10 meses, ainda não conseguiu ser recebido por Lula. Qual a dificuldade para marcar esse encontro?
Como o senhor avalia os 10 meses do governo Lula?
Tivemos uma época muito difícil sob a liderança do presidente Bolsonaro, tivemos muitos problemas, muitos desafios, e Lula começou (o governo) nos dando esse apoio, esse discurso de nos ajudar, de demarcar e proteger as terras indígenas. Quando eu penso em demarcações, eu penso na floresta. A floresta tem as suas folhas, e as folhas deixam a sombra para todos nós, para que a terra não se aqueça muito e para que possamos respirar. São esses pensamentos que eu venho compartilhando.
O senhor esteve na posse do presidente e, até agora, após 10 meses, ainda não conseguiu ser recebido por Lula. Qual a dificuldade para marcar esse encontro?
Qual a sua avaliação a respeito do veto parcial da tese do Marco Temporal pelo presidente Lula?
Quando o Lula assinou para derrubar o marco temporal todos nós ficamos felizes por ele ter cumprido esse compromisso conosco. A decisão dele tem que continuar para que o marco temporal não volte.
Quando o Lula assinou para derrubar o marco temporal todos nós ficamos felizes por ele ter cumprido esse compromisso conosco. A decisão dele tem que continuar para que o marco temporal não volte.
Como o senhor vê a presença de garimpeiros, madeireiros e grileiros nas terras indígenas?
Isso não é bom, eu não gosto, eu não aceito. Nunca vou aceitar isso, pois, os próprios garimpeiros entram no território para destruir. Os madeireiros entram no território para destruir. Todos esses invasores precisam se retirar e fazer as atividades deles em outros locais que não sejam os territórios indígenas. Eu venho falando para todos que essas atividades ilegais precisam parar porque haverá consequências.
O que o governo tem feito de positivo e negativo em relação aos serviços que os povos indígenas necessitam nas suas comunidades?
O que o senhor vê como proposta de esperança neste governo que aisnda pode se concretizar?
Eu e o Lula já estamos numa idade muito avançada, estamos ficando muito velhos. Quando eu encontrei com ele, eu refleti e falei que ele terá que continuar nos ajudando, terá que ajudar todos os povos nesse Brasil de forma igual. E continuar ajudando até que ele possa se aposentar e indicar uma pessoa que ele confie e preserve esse legado dele. Nós, como povos indígenas, estamos muito bem depois de tudo que aconteceu no passado, muitos problemas, muitas dificuldades e sofrimento. Hoje, não temos mais isso. Por isso, o governo tem que continuar nesse caminho. Hoje estamos tranquilos, amanhã não sabemos. Se Lula sair, que alguém continue o legado dele.
*Estagiária sob a supervisão de Vinicius Doria
correio Braziliense