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A cerimônia de troca de comando da Marinha do Brasil foi marcada, nesta quinta-feira (5/12), pela ausência do antecessor, o almirante Almir Garnier Santos, considerado o mais bolsonarista dos antigos chefes das Forças Armadas. Assumiu o posto maior da Força o almirante Marcos Sampaio Olsen. Na plateia, havia integrantes tanto do governo de Jair Bolsonaro quanto de Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, repetiu várias vezes que, nas Forças Armadas, estava “tudo em paz”.
O ex-comandante Garnier Santos enviou um texto, lido por um oficial no evento, para saudar o novo chefe da Marinha. Sampaio Olsen, por sua vez, agradeceu nominalmente o presidente Lula após assinar o ato de posse no cargo. “Por pleito de justiça, expresso aqui notória gratidão ao presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, pelo apanágio ao nomear-me comandante da Marinha. Agradeço o introdutório de orientações e estímulo, particularmente ao referir-se à necessidade premente de prover o requerido espaço orçamentário para aumentar a capacidade e prontidão operacional da Marinha do Brasil”, declarou o novo comandante, em discurso.
Assim como fez na transmissão de comando da Aeronáutica, José Múcio adotou um tom conciliador, apesar do constrangimento causado pela ausência do ex-comandante da Marinha Garnier Santos, um dos altos oficiais militares mais próximos do projeto de poder do ex-presidente Bolsonaro. “A despeito do curto tempo de convívio, pude rapidamente perceber os atributos morais e profissionais que qualificam o almirante Olsen para o exercício deste cargo”, disse o ministro ao novo comandante, o qual qualificou como um militar de “visão ponderada”.
Muitas autoridades compareceram à posse, incluindo ministros do governo Bolsonaro, entre eles o ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional general Eduardo Villas-Boas, o ex-ministro da Defesa general Fernando Azevedo e Silva e o ex-secretário de Assuntos Especiais almirante Flávio Rocha. Representando o governo Lula, além do ministro José Múcio, estavam presentes a ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e o ministro da Pesca, André de Paula.
Após a cerimônia, Rocha disse, em rápida conversa com jornalistas, que mantém contato com Bolsonaro, que viajou para os Estados Unidos dias antes da posse de Lula para não participar da cerimônia de transmissão da faixa presidencial, no Palácio do Planalto. Disse que o ex-presidente está bem e que só conversou “amenidades” com ele.
Entre as prioridades do novo comandante das forças navais brasileiras estão o projeto de desenvolvimento e construção de submarinos convencionais e nucleares, o programa de modernização da frota e o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul, uma complexa estrutura de monitoramento via satélite do mar territorial brasileiro e da zona econômica exclusiva, que incluem as bacias petrolíferas do país. Na área da pesquisa, a Marinha coordena a presença brasileira no Continente Antártico.
Vinicius Doria