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Estudante de Imbé cria absorvente de R$ 0,02 e vence prêmio internacional na Suécia
Imbé
Publicado em 01/09/2022

A estudante e moradora de Imbé, Laura Drebes, foi destaque mundial ao conquistar o Prêmio de Excelência – equivalente ao segundo lugar – no Prêmio Jovem da Água de Estocolmo, que reuniu 40 trabalhos de todo o mundo. A premiação ocorreu na última terça-feira (30), na Suécia.

A jovem, de 19 anos, e sua colega Camily Pereira, ambas alunas do Campus Osório do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), produziram o projeto SustainPads, que desenvolveu absorventes higiênicos sustentáveis e acessíveis, cuja unidade é produzida ao custo de apenas R$ 0,02, e que são feitos a partir de subprodutos industriais.

O projeto ataca diretamente a pobreza menstrual, expressão cada vez mais comum que remete à dificuldade que meninas e mulheres têm de acesso a absorventes e a uma estrutura de higiene adequada.

No protótipo testado no laboratório do IFRS, sob coordenação da engenheira de alimentos e professora Flávia Santos Twardowski Pinto, orientadora do projeto, as fibras do algodão convencional dos absorventes comuns foram substituídas por fibras do açaí de juçara e do pseudocaule da bananeira, vegetações facilmente encontradas na região do Litoral Norte gaúcho.

Outra característica importante dos SustainPads é a presença de uma camada plástica que também é mais ecológica. Feita a partir de sobra da produção de cápsulas de ômega 3, o material transforma o revestimento dos itens em um plástico mais sustentável.

Na defesa do projeto, Laura argumentou que o saneamento básico, embora seja um direito humano, não contempla todas as mulheres, e que muitas delas acabam por sofrer com a pobreza menstrual. “Além disso, os absorventes sintéticos têm um forte impacto no meio ambiente. Para cada absorvente, são gastos 120 litros de água apenas na produção do algodão. E ainda há a questão do descarte”, explica.

Ela detalha que ao entrar em contato com o mundo da reutilização para o desenvolvimento de novos produtos, deparou-se com a importância que a economia circular tem na vida das pessoas. “Fazer com que as matérias-primas tenham uma vida cíclica sem ter que descartar quantidades exorbitantes é de suma importância para que possamos preservar a natureza”, disse Laura.

Sobre o prêmio

Criado em 1997 pelo Instituto Internacional de Águas de Estocolmo (SIWI), o Stockholm Junior Water Prize (SJWP) – Prêmio Jovem da Água de Estocolmo reúne jovens inovadores entre 15 e 20 anos do mundo todo, encorajando seu interesse em desafios relacionados à água e sustentabilidade.

O evento é promovido anualmente em duas etapas: uma nacional, realizada em cada um dos países participantes, e uma internacional, na qual ocorre a grande final. No Brasil, o prêmio é realizado desde 2017.

O SJWP conta com a participação de milhares de jovens de mais de 30 países. A etapa internacional ocorre em Estocolmo na Suécia, durante a Semana Mundial da Água de Estocolmo (Stockholm World Water Week). A princesa Vitória da Suécia é a patrona do prêmio.

 

 

 

TEXTO: José Luiz Filho e Talis Ramon

FOTOS: Arquivo Pessoal

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