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Com poucas doses disponíveis, vacinação infantil tem dificuldade para engatar
Saúde
Publicado em 05/02/2022

Para presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, Renato Kfouri, poucas doses, aumento nas infecções e mensagem dúbia do governo emperram vacinação infantil

A vacinação de crianças contra a covid-19 ainda não adquiriu um ritmo uniforme no país e fatores como desinformação, problemas na distribuição de imunizantes e até mesmo a alta taxa de transmissão e aumento dos casos positivos são citados pelos especialistas para o avanço a passos lentos. A campanha de imunização dos menores teve início há quase um mês, depois da aprovação da vacina para o público infantil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Em conversa com o Correio, o presidente do Departamento Científico de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Renato Kfouri, acredita que esse início lento de imunização das crianças se deve à pouca quantidade de doses disponíveis de vacinas pediátricas. "Poucos estados receberam uma grande quantidade de vacinas. Além disso, a campanha começa pela convocação de grupos específicos, como a população ribeirinha, crianças com deficiência, e nesses casos a vacinação é sempre mais lenta. Então, isso explica a lentidão de muitos locais", avalia.

A Anvisa aprovou o uso da vacina pediátrica da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos, e também da CoronaVac na faixa etária de 6 a 17 anos. No entanto, diante do atraso da incorporação dos imunizantes do público infantil, as primeiras doses da Pfizer só chegaram ao Brasil um mês depois da aprovação da agência.

O governo federal distribuiu aos estados aproximadamente 9,3 milhões de vacinas pediátricas, sendo 6 milhões da Pfizer e 3,3 da CoronaVac. A quantidade é pouco mais da metade das doses necessárias para imunizar cerca de 20,5 milhões de pessoas, entre 5 e 11 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

Além da falha na logística da distribuição de vacinas, que fez com que algumas cidades paralisassem a distribuição de doses infantis, Kfouri ainda ressaltou que a situação epidemiológica do país, com a alta de casos positivos de covid, fez com que muitos pais adiassem a imunização dos filhos.

"A gente tem muitos pais e crianças infectados, que precisam aguardar 30 dias para tomarem a vacina. Isso também atrapalha a cobertura", observa.

ME
Maria Eduarda Cardim

 

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