Offline
Boate Kiss: confusão e sessão interrompida marcam 3º dia de julgamento
Justiça
Publicado em 04/12/2021

(crédito: reprodução )

O terceiro dia de julgamento do caso da boate Kiss, uma das maiores tragédias da história do Brasil, no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, foi marcado por confusão, gritaria e interrupção da sessão. A testemunha que iria depor nesta sexta-feira (3/12) foi retirada desta condição e passou a ser informante, após decisão do juiz Orlando Faccini Neto após uma publicação nas redes sociais.

A confusão começou porque a filha de Gianderson Machado da Silva, que trabalhava revisando extintores de incêndio e recarregou extintores da boate, publicou em seu perfil no Twiter que seu pai seria “o próximo a depor no caso da Kiss, que ele fale tudo! Que esses donos da boate apodreçam na cadeia". Após a publicação do tuíte, a defesa do réu Mauro Hoffman entrou com um pedido para que a testemunha fosse retirada.

O argumento apresentado pela defesa foi de que a publicação poderia afetar na decisão do juiz, de forma a mostrar "predisposição a condenar os acusados". Faccini explicou em sua fala que, como não foi Gianderson que publicou, e, sim, sua filha, ele seria ouvido “dando como certo que se trata de informante, o que o retira da condição de testemunha”, decidiu.

Bate-boca

Além disso, houve discussão entre o advogado do réu, Luciano Bonilha, e o juiz Faccini, o que paralisou a sessão na manhã desta sexta-feira. O episódio ocorreu durante o depoimento de Daniel Rodrigues da Silva, que trabalhava na loja em que os fogos de artifício foram comprados.

 

A testemunha se recusou a responder uma pergunta do advogado, que se exaltou e gritou para Daniel: “Tem que responder”. A sessão chegou a ser interrompida por 10 minutos.

Em seu depoimento, Daniel Rodrigues disse que os artefatos pirotécnicos Sputnik e Chuva de Prata, usados no dia do incêndio, não podem ser usados dentro de locais fechados. “O uso indoor por si só é perigoso”, assegurou.

Relembre

O incêndio da Boate Kiss aconteceu na madrugada de 27 de janeiro de 2013, na cidade de Santa Maria (RS). A tragédia foi provocada pela imprudência dos integrantes da banda em usar artefato pirotécnico em ambiente fechado, e pelo fato de haver aglomeração de público além da capacidade prevista no local. As chamas se alastraram rapidamente por causa do material inflamável usado como isolamento acústico que produziu uma fumaça preta e tóxica. A boate estava lotada, e não havia saída de emergência. No total, morreram 242 jovens entre 18 e 30 anos, e 636 ficaram feridos.

 

*Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro

GC
Gabriela Chabalgoity Correio Braziliense
Comentários