Offline
Mais mutações e maior risco para reinfecções: entenda por que a ômicron é preocupante
Saúde
Publicado em 27/11/2021

Ao mesmo tempo em que países começam a cancelar ou restringir voos procedentes do sul da África, cresce a preocupação da comunidade científica especialmente quanto ao possível grau de resistência às vacinas, algo que ainda precisa ser esclarecido - (crédito: RODGER BOSCH / AFP)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a nova variante do Sars-CoV-2 como “de preocupação”. Isso significa que a B.11.529 pode estar associada ao aumento da transmissibilidade ou da virulência ou, ainda, reduzir a eficácia das vacinas e dos medicamentos disponíveis. Relatada pela primeira vez na África do Sul na quarta-feira, a agora chamada cepa ômicron apresenta um grande número de mutações, “algumas das quais preocupantes”, segundo uma nota divulgada ontem pela agência das Nações Unidas.

“A evidência preliminar sugere um risco aumentado de reinfecção com essa variante, em comparação com outras cepas. O número de casos dessa variante parece estar aumentando em quase todas as províncias da África do Sul”, relatou a OMS. A agência informou, ainda, que “a variante foi detectada em taxas mais rápidas do que surtos anteriores de infecção, sugerindo que pode ter uma vantagem de crescimento”. Também ontem, a Bélgica se tornou o primeiro país europeu a detectar um caso de infecção. Israel, Hong Kong e Botsuana também têm registros.

 

Ao mesmo tempo em que países começam a cancelar ou restringir voos procedentes do sul da África, cresce a preocupação da comunidade científica especialmente quanto ao possível grau de resistência às vacinas, algo que ainda precisa ser esclarecido. “Essa é preocupante, e é a primeira vez que afirmo isso desde a delta”, escreveu, no Twitter, o virologista britânico Ravi Gupta.

Do ponto de vista genético, a cepa tem um número de mutações elevado — cerca de 30 delas na proteína spike, a chave de entrada do vírus no organismo. Com base na experiência de variantes anteriores, sabe-se que algumas dessas alterações podem representar aumento na capacidade de transmissão e diminuição na eficiência das vacinas. “Pensando em termos de genética, é certo que há algo muito particular que pode ser preocupante”, disse à agência France-Presse de notícias (AFP) Vincent Enouf, do Centro Nacional de Referência de vírus respiratórios do Instituto Pasteur de Paris.

 

Além disso, preocupa o fato de que o número de casos e o percentual atribuído à variante ômicron estão aumentando de forma muito rápida na província sul-africana de Gauteng, que compreende as cidades de Pretória e Joanesburgo, onde foi detectada pela primeira vez. A OMS afirmou ontem que não há, ainda, como responder às dúvidas sobre a cepa porque, segundo a organização, serão necessárias “várias semanas” para compreendê-la melhor. “É preciso ser razoável, continuar monitorando e não alarmar completamente a população”, concorda Vincent Enouf.

CB

 

Correio Braziliense

Comentários