As amigas e colegas de turma, Geovanna Rodrigues, 18 anos, e Fernanda de Paula, com a mesma idade, chegaram cedo à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), um dos locais do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) mais movimentados da capital fluminense.
A estudante Geovanna Rodrigues fala sobre suas expectativas para a prova do Enem 2021. - Tomaz Silva/Agência Brasil
"Chegamos cedo para prevenir, com medo de atrasar. É melhor esperar aqui do que em casa" disse Fernanda, que considera estar fazendo a prova como um teste, mas pretende cursar psicologia se conseguir uma vaga no ano que vem.
Geovanna conta que a pandemia dificultou sua preparação para o Enem, porque diz acreditar que o ensino remoto teve muitos trabalhos e pouco aprendizado
"Tentei fazer cursinho, e não consegui equilibrar com a escola", lamenta ela, que está em dúvida entre os cursos de medicina veterinária e letras.
Estudante de um colégio particular tradicional do Rio de Janeiro, José Carlos Pereira Junior, 16 anos, também acha que o ensino remoto atrapalhou sua formação e fez com que aprendesse menos. Por outro lado, ele lembra que a escola contava com conteúdo específico para o Enem. "Na minha escola, a gente já tem preparações para a prova, como aula de redação e como manusear o tempo, então essa questão vai ser mais tranquila. Mas em relação ao conteúdo, que é bem abrangente, vai ser mais complicado", diz ele, que quer entrar no nível superior na área de tecnologia.
A estudante Fernanda de Paula fala sobre suas expectativas para a prova do Enem 2021. - Tomaz Silva/Agência Brasil
Nathan Habib, de 17 anos, chegou à prova sem se decidir entre cursar turismo ou jornalismo. Ele conta que chegou a fazer o Enem anteriormente para se preparar, e afirma que a prova requer também um preparo psicológico. "É uma prova longa, com muita conta e texto. Eu fiz e terminei antes do horário previsto, mas cansa. É uma maratona", afirma ele, que também relata problemas
O estudante José Carlos Pereira Júnior fala sobre suas expectativas para a prova do Enem 2021. - Tomaz Silva/Agência Brasil
O estudante Iuri Cabral fala sobre suas expectativas para a prova do Enem 2021. - Tomaz Silva/Agência Brasil
"Todo mundo achou que seria bom estudar de casa, mas não foi bem assim. Muitas vezes, as aulas travavam, a internet ficava ruim".
Quem estava na terceira tentativa era a pensionista Maria do Socorro de Carvalho, que nasceu no Ceará, se mudou para o Rio e quer cursar administração para realizar um sonho antigo.
"Não é tanto para procurar um emprego", diz ela, que costuma ouvir questionamentos do porquê quer estudar. "Graças a Deus que não preciso mais trabalhar. Mas eu vou realizar um sonho de ter conhecimento, e quando uma pessoa me pedir uma ajuda eu vou poder ajudar".
Bem humorada, a única resposta que dona Maria do Socorro não quis revelar foi sua idade. "Não é tão interessante a idade. O importante é a força de vontade".
Um grupo de jovens também foi à porta da Uerj com um cartaz em protesto em defesa do Enem e da educação. "Pelo direito de estudar. Contra a censura e o desmonte do Enem", dizia o texto, assinado pelo coletivo Juntos.
Por Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro