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De voto impresso a afastamento no STF: manifestantes pró-Bolsonaro contam por que foram às ruas
Brasil
Publicado em 08/09/2021

Pessoas com os rostos pintados, usando perucas, segurando bandeiras e cartazes enquanto gritam palavras de ordem. Segundo estimativa da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, 125 mil pessoas participaram de uma manifestação a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na avenida Paulista na terça-feira, feriado da Independência do Brasil.

A reportagem da BBC News Brasil entrevistou manifestantes que foram à avenida Paulista, em São Paulo, para entender quais eram as pautas que os motivaram a sair às ruas para protestar.

Pessoas com os rostos pintados, usando perucas, segurando bandeiras e cartazes enquanto gritam palavras de ordem. Segundo estimativa da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, 125 mil pessoas participaram de uma manifestação a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na avenida Paulist na terça-feira, feriado da Independência do BrasilA reportagem da BBC News Brasil entrevistou manifestantes que foram à avenida Paulista, em São Paulo, para entender quais eram as pautas que os motivaram a sair às ruas para protestar.

Além de defender a reeleição do presidente Jair Bolsonaro, a maior parte dos entrevistados pela reportagem disse que gostaria de uma destituição do Supremo Tribunal Federal (STF). Alguns defendiam apenas o impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes e outros sugeriram substituir a Suprema Corte por um tribunal militar.Também houve quem defendesse a volta do voto impresso e uma minoria queria uma Ditadura Militar.

Voto impresso e STF

Rita Pinto passou 12 horas dentro de um ônibus para chegar à manifestação na capital paulista

Um grupo ligado ao agronegócio saiu de Vacaria, no Rio Grande do Sul, em caravana até a avenida Paulista. Rita Pinto é uma das pessoas que disseram ter passado 12 horas dentro de um ônibus no trajeto até a capital paulista. Ela e os amigos defendem as mesmas pautas.

"Queremos a volta do voto impresso e o impeachment do SFT. Deixe o nosso presidente trabalhar. Queremos liberdade para o nosso país para que ele não vire uma Venezuela ou Cuba. A pauta de hoje é o voto impresso com contagem pública. O voto impresso auditável e o impeachment dos 11 do STF. E a liberdade de imprensa", afirmou à reportagem.

Umberto Sussela Filho: 'O Brasil vive uma ditadura do judiciário'

Umberto Sussela Filho quer uma reforma da Suprema Corte porque diz que o STF está tomando decisões além das previstas constitucionalmente.

"Ninguém quer extinguir o Supremo de um país, mas o nosso está fugindo de suas atribuições legais. O Supremo tem apenas que julgar os casos denunciados pela Procuradoria da União ou Ministério Público Federal. O nosso acusa, julga e condena, então ele não está obedecendo a Constituição Federal. O Brasil vive uma ditadura do Judiciário e isso não queremos nem para nós e nem para as futuras gerações", disse.

Contra Lula e a esquerda

Rodolfo, que preferiu omitir o sobrenome, disse que é contra o ministro Alexandre de Moraes, especificamente.

"Eu gostaria que ele tivesse vergonha na cara e parasse de fazer o que ele está fazendo. Não é um juiz qualificado, a gente sabe. Não passou em concurso. Sai do cargo. Gilmar Mendes soltando bandido. Todos eles estão trabalhando de certa forma para libertar toda essa gente. Está claro e notório que eles estão tentando fazer Lula candidato em 2022", afirmou.

Maiara Moura: 'A minha escolha é Bolsonaro porque eu sou a favor da família'

A namorada dele, Maiara Moura, disse que também foi ao protesto para demonstrar sua insatisfação com governos de esquerda e um possível retorno de Lula.

"Numa disputa entre Lula e Bolsonaro, porque não tem terceira via, a minha escolha é Bolsonaro porque eu sou a favor da família, igreja, essas coisas. É meio óbvio Bolsonaro porque as pautas do PT já não combinam comigo, então não tem como eu votar no outro lado", afirmou.

Inflação e crise econômica

Luis Carlos de Oliveira é apelidado de 'Tio Sam de Mauá'

Vestido como o personagem folclórico da cultura americana, Luis Carlos de Oliveira, o Tio Sam de Mauá, foi à Paulista apoiar Bolsonaro, mas também fez críticas ao governo, especialmente em relação à economia.

 

"Bolsonaro é o cara certo. Agora, o Paulo Guedes está ferrando o Brasil inteiro porque não é ele que está passando fome", afirmou.

 

Suelem Tavares deixou os cinco filhos em Itaquera, na zona leste de São Paulo, para vender bandeiras do Brasil no protesto na avenida Paulista. Ela defende que Bolsonaro termine o mandato, mas diz que a família dela foi gravemente afetada pela inflação.

 

"Na verdade, o que pega para mim são os preços abusivos. Isso o governo também tem que chegar junto, mas para mim o que está pesando é isso. E corrupção também. A gente tem que dar força para quem está lá (no governo). E quem está lá agora é o Bolsonaro, então a gente tem que dar força para ele. Reivindicar nossos direitos, mas ajudar ele", afirmou.

Ao ser questionada qual seria a atitude dela nas próximas eleições caso o preço de alguns alimentos, como a carne, não diminua, ela respondeu: "a gente muda o governo. Porque não dá para ter político de estimação, né?".

Liberdade e Supremo Tribunal Militar

Vestido com uma farda semelhante à do Exército, Tino Ribeiro conta que é membro de um grupo de airsoft e defende o retorno do voto impresso.

"Quero o voto auditável e o impeachment dos ministros do STF. Nós vamos tirar eles de lá, se Deus quiser, porque nós precisamos expressar nosso direito de falar nas redes sociais. E o que vemos hoje é uma pessoa ser condenada por falar de Deus", afirmou.

Rogério, que disse ser um policial militar da reserva, disse que o maior desejo dele é acabar com o STF nos moldes que existe hoje e implantar em seu lugar uma corte militar.

"Então o que a gente vê como possibilidade inicial é o Supremo Tribunal Militar assumindo o STF, tirando os 11 ministros, como população, para que a gente possa reestabelecer a ordem e as coisas certas", disse.

Eduard Mandi gostaria de mudanças no Congresso e no STF, que, na visão dele, impedem que Bolsonaro governe de maneira plena. E defende que o atual presidente é o único preocupado com o país de maneira legítima."Tem gente que acha Bolsonaro ruim, mas pelo menos a gente tem um cara que está preocupado com a gente. Ele pode não ser o cara, mas para mim hoje é o único que eu tenho coragem de seguir porque eu só vejo o Senado trabalhando em vontade própria e a Câmara dos Deputados a mesma coisa. É uma vergonha isso".

  • Felipe Souza, Camilla Veras Mota e Felix Lima
  • Da BBC News Brasil em São Paulo

 

 

 

 

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